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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Material impotante para a prova do ENEM


FASES POÉTICAS DE DRUMMOND

Dividir o poeta em fases é muito difícil, pois o poeta e o homem são grandes porque são um só, acompanham as grandes mudanças sociais e culturais.
Drummond não se afastaria jamais do cotidiano, do humor, da ironia, da solidariedade (“Mãos Dadas”) para superar as crises e da discussão sobre a própria poesia (metalinguagem), mas há uma divisão didática para melhor compreender a essência de sua obra.
Primeiro poeta a se destacar depois da fase heróica do Modernismo, Drummond coloca em sua poesia alguns temas interessantes:

O desajustamento do homem diante do mundo:

Poemas de Sete Faces
Quando nasci, um Anjo Torto
Desses que vivem na sombra
Disse: Vai, Carlos! Ser guache na vida.

O desânimo e a desesperança:

Soneto da Perdida Esperança
Perdi o bonde e a esperança
Volto pálido para casa.
A rua é inútil e nenhum auto
passaria sobre meu corpo.

A desorientação, a solidão, o isolamento humanos:

José
E agora José?
A festa acabou,
A lua apagou,
O povo sumiu,
A noite esfriou,
E agora, José?
E agora, você?
Sozinho no escuro,

Qual bicho-do-mato,
Sem teogonia,
Sem parede nua
Para se encostar,
Sem cavalo preto
Que fuja a galope,
Você marcha José
José para onde?



A realidade cotidiana, a solidariedade:

Mãos Dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro
estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas
.....................................................................
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.

 A falência dos sentimentos, a ironia do amor:

Os Ombros Suportam o Mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
(...)
                                    Carlos Drummond de Andrade

Interpretação do estar no mundo:
No Meio do Caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.
                                         Carlos Drummond de Andrad

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