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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Clarice Lispector - Cecília Meireles - Augusto dos Anjos - ENEM

Autora: Clarice Lispector
Estética: Modernista
Fase: 3º Tempo do Modernismo

Biografia:
   Clarice Lispector nasceu em Tchetchelnick, Ucrânia, em 1925. Veio para o Brasil com dois meses de idade, trazida pelos pais, vivendo no recife. Conclui o curso secundário no Rio, onde começa a trabalhar na imprensa, enquanto freqüenta as aulas da faculdade nacional de Direito, cotando grau em 1944, no ano em que publicou seu primeiro livro, perto do coração selvagem. No ano seguinte acompanha o marido para a Europa, entre 1952 e 1960, vive nos Estados Unidos. Retornando ao Brasil no mesmo ano em que separa do marido, publica os contos Laços de Família. Após um acidente que a leva “ao inferno” (um incêndio em seu apartamento), é obrigada a submeter-se a varias cirurgias. Vitima de câncer generalizado, é internada no hospital INPS em novembro de 77, vindo a falecer no mês seguinte.


Bibliografia  internada no hospital INPS em novembro de 77, vindo a falecer no ms contos Laços de Familia.
Romances:
  • Perto do Coração Selvagem (1944) 
  • O Lustre (1946)
  • A Cidade Sitiada (1949)
  • A Maça no Escuro (1961)
  • A Paixão Segundo G. H. (1961)
  • Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres (1961)
  • Água Viva (1973)
  • A Hora das Estrelas (1977)

Conto:
  • Alguns Contos (1952)
  • Laços de Família (1960)
  • A Legião Estrangeira (1964)
  • Felicidade Clandestina (1971)
  • Imitação da Rosa (1973)
  • A via-crúcis do Corpo (1974)

Literatura Infantil
O Mistério do Coelho Pensante (1967)
A Mulher que matou os peixes (1969)
A Vida Intima de Laura (1974)

A Prosa de Ficção de 45
         A prosa de ficção de 45 apresenta alguns autores que, a partir da segunda metade da década de 40, rompem com os esquemas narrativos dos anos 30 e instauraram um novo processo romanesco. É o caso de João Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Apesar das profundas diferenças da obra de cada um, há em ambos, alem da mencionada postura de insubordinação, um traço característico: Constante pesquisa do instrumento que lhes serve base, a linguagem. Por esta razão ambos são chamados de instrumentalistas, o que vale dizer que preocupam muito com a construção de seus trabalhos. Alem disso, observa-se nos dois o interesse de dar continuidade ao processo de universalização do romance nacional, o que se obtém pela madura sondagem do mundo interior de personagens com poder generalizante. A diferença mais evidente entre ambos, sem levar em conta a superioridade qualitativa de João Guimarães Rosa, é que este se preocupa ainda mais com a manutenção do enredo com suspense; ao passo que Clarice Lispector abandona quase que completamente a noção de trama romanesca ou se detém no registro monótono de incidentes sem conseqüência do cotidiano da classe média urbana ou no mergulho em profundidade para dentro de personagens isoladas e problemáticas. Ambos Cultivavam igualmente o romance e o conto.

Pontos importantes na obra de Clarice Lispector
·         Clarice Lispector escolhera exatamente o insólito caminho do romance sem ação externa, voltada para o mundo interior das personagens.
·         Todo o discurso narrativo de Clarice Lispector com o poético e sua tensão recai sempre sobre coisas e acontecimentos insólitos do cotidiano.
·         As personagens vivem suas estreitas vidas, mas descobrem ocultamente que existem outras vidas e, sobretudo, outros modos de viver.
·         No cômputo geral, a obra de Clarice Lispector apresenta momentos de alta culminância poética e metafísica.
·         A obra de Clarice Lispector costuma ser interpretada conforme alusão anterior, como expressão de uma visão do mundo existencialista.
·         As historias de Clarice Lispector raramente têm um enredo, um começo, meio e fim, segundo os cânones narrativos tradicionais.
·         Suas personagens representativas da situação alienada dos indivíduos das grandes cidades, geralmente são tensas e inadaptadas a um mundo repetitivo e inautêntico, que as despersonaliza.
·         Os narradores que aparecem sem sua obra estão, por outro lado, sempre contestando a linguagem literária padronizada.
·         Personagens e narradores desenvolvem, assim, um mesmo tipo de pratica: aventuram-se através da imaginação, buscando romper com a barreira da palavra, com o rotineiro mundo lógico, voltado unilateralmente para os fatos observáveis.
·         A autora apresenta uma narrativa interiorizada, centrada num momento de vivência interior da personagem (ou narrador).
·         Organiza a narrativa em ritmo lento, para contrastar com o movimento da vida nas grandes cidades.
·         As produções de Clarice Lispector não deixam de se referir à realidade concreta.
·         Filtra todos os fatos através de uma consciência que se isola do conjunto “Eis aí a solidão do homem moderno”
·         A prosa de Clarice Lispector se caracteriza pela introspecção, pelo drama interior, e não pela intriga ou ação.
·         A linguagem da autora é por vezes enigmática, difícil de entender.
·         A técnica do inconsciente marca a sua obra.
·         A autora apresenta frases curtas, íntimas e, sobretudo elegantes.
·         Apresenta em sua obra o universalismo abstrato.
·         Seus livros são altamente compromissados com o homem e com a realidade dele.

Cecília Meireles

CARACTERÍSTICAS DA POESIA DE CECÍLIA MEIRELES

Ø  Um tipo de poesia de penumbra e intimista, em ritmo de confidência, transmitindo esteticamente a sensação do tempo fugaz. Encanta-se com as belezas do mundo, e se desespera diante da transitoriedade de tudo.

Ø  Um dos traços mais importantes de sua poesia é a consciência da transitoriedade das coisas, revelada na indelicadeza com que tematiza a fugacidade do tempo, dos objetos e da vida, sempre espreitada pela sombra da morte.

Ø  Poetisa da fugacidade, da precariedade, da provisoriedade. Cecília Meireles ingressou nas letras como uma escritora neo-sirnbolista.

Ø  Os temas mais freqüentes são: o amor desencontrado, o narcisismo, a atitude sonhadora, a melancolia, do desencanto, a renúncia, o adeus, a indiferença, a incompreensão humana, o silêncio, a solidão e a própria morte; sempre alheia ao drama da vida cotidiana, em busca de um clima de pura espiritualidade.

Ø  Outro aspecto de sua poesia é a linguagem sensorial, intuitiva e feminina, empregada em versos plenos num jogo hábil de sons e musicalidade. Recordação transfigura a realidade pelos elementos sensoriais.

Ø  A sua temática central é a consciência da fugacidade do tempo e a nostalgia da eternidade;

Ø  O cromatismo e às aliterações são recursos freqüentes;

Ø  Seus poemas ainda se relacionam com fantasias, sonhos, solidão, padecimento, e melancolia.

Ø  Seus poemas valorizam ainda coisas como símbolos, imagens sugestivas e constantes apelos visuais.

Ø  Sua poesia contém o lirismo de tradição portuguesa e, além disso, a autora utiliza-se da musicalidade própria do simbolismo.

Ø  Esse lirismo transforma-se em belos poemas e sua melancolia e o sentimento da saudade do tempo que passou.

Ø  Concentrou sua sensibilidade poética na reflexão sobre a fugacidade da vida: a descrição real,·a expressão sensorial, ou o questionamento do mundo material.

Ø    Cecília Meireles escreveu um livro de fundamentação histórico chamado Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles
Ø  A obra Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, foi publicado em 1953, e escrito na década de 1940 quando sua autora, então jornalista, chegou a Ouro Preto, com a finalidade de documentar os eventos de uma Semana Santa.

Ø  Fruto de longa pesquisa histórica, Romanceiro da Inconfidência é, para muitos, a principal obra de Cecília Meireles.

Ø  Nesse livro, por meio de uma hábil síntese entre o dramático, o épico e o lírico, há um retrato da sociedade de Minas Gerais do século XVIII, principalmente dos personagens envolvidos na Inconfidência Mineira, abortada pela traição de Joaquim Silvério dos Reis, o que culminou na execução de Tiradentes.

Principais características da obra de Cecília Meireles - Rio de Janeiro (1901-1964)

Apuro formal
Habilidades na utilização dos versos regulares, e ou dos versos livres. Observa-se o esmero da técnica de versos curtos ou longos.

“Guardo uma sensação de drama sombrio, com vozes de ondas lamentado-me. E a multidão das estrelas avermelhadas fugindo com o céu para longe de mim.”
“Respiro teu nome.
Que brisa tão pura
Súbito circula
No meu coração!”(Canções)

Captação sensorial
A percepção da realidade, em Cecília Meireles faz-se pelos sentidos: visão, audição, olfato, tato, paladar. Poeticamente, ocorre a transfiguração do real através da combinação e duas ou mais sensações, resultando em uma sinestesia. Outras vezes, multiplicam-se os efeitos visuais produzindo um cromatismo de luzes e cores:

“Veio a luz da alvorada
E brilhou nas palmeiras
que eram pura esmeralda.” (“Cantata Matinal , em Retrato Natural)

Contemplação do Mundo
Seus poemas são descritivos assemelham-se a instantâneos de uma paisagem ou de uma cena do cotidiano, como “Madrugada na Aldeia”, “Equilibrista”. Fixando a simplicidade de um momento, capta a beleza, antes que o tempo a destrua. Cecília retoma a temática tradicional da rosa que desde a Idade Média vem sendo usada pelos poetas devido à formosura e fragilidade - metáfora, portanto da vida. Cecília tenta superar a tensão entre o belo e o transitório pela recriação poética do momento contemplado, propondo à rosa:

“Meus olhos te ofereço:
espelho para a face
que terás, no meu verso,
quando, depois que passes,
jamais ninguém te esqueça.” (“1º Motivo da Rosa”, Mar Absoluto)

Fusão entre poeta e natureza
Nem sempre, contudo, permanece contemplativa perante o mundo exterior. Por vezes, integra-o ao mundo interior, numa identidade cujo resultado é a fusão entre o poeta e a natureza:

“Assim moro em meu sonho:
Como um peixe no mar.
O que sou é o que vejo.
Vejo e sou meu olhar.
(...)
Assim vou no meu sonho.
Se outra fui se perdeu.
É o mundo que me envolve?
Ou sou contorno seu?”(Canções)

Comparando “sonho” e “mar”, a poetisa transfere para mundo onírico todas as possibilidades do mundo líquido: transparência, reflexão, odor, sabor, ruído, movimento.

Augusto dos Anjos

Características do poeta Augusto dos Anjos

  • Augusto dos Anjos pertence ao pré-modernismo, mas difere de outros poetas do seu tempo;
  • Sua época não se situa propriamente em nenhuma escola literária;
  • Sua poesia cultiva tendências naturalistas, parnasianas, simbolistas, além de outras correntes literárias e filosóficas presentes no final do séc. XIX e início do séc. XX;
  • O poeta possui toda uma linguagem e um estilo personalizado, que a princípio choca o leitor;
  • O poeta explora o que há de mais nojento, podre, e pessimista, com poemas que contam desde a decomposição da matéria até a visão filosófica e ao mesmo tempo trágica da vida;
  • A vida é tratada como se fosse um nada, uma passagem cheia de dor,ressentimento e podridão que conduz a um único destino: a morte e a companhia dos vermes;
  • Sentimentos como o amor é tratado como um instinto, ou às vezes como uma espécie de veneno que corrompe;
  • O poeta Augusto dos Anjos aborda em seus poemas palavras de aspecto científico, refletindo as leituras que o poeta fez das principais obras de Haeckel e Darwin;
  • Em seus poemas, nota-se as imagens distorcidas e fortes que levam sempre a uma profunda reflexão em torno do encontro entre o poeta e o destino, numa ótica totalmente pessimista;
  • Trata-se de um autor com uma fixação mórbida pela condição humana, especialmente no que ela tem de finita, de perecível;
  • O poeta tem uma forte fixação pela morte, e é um sujeito materialista;
  • O poeta aborda em seus poemas a decomposição do corpo, o verme, a caliça, os ossos mais que secos, o riso último, o patético e encaveirado;
  • O poeta faz uso de um vocabulário duro, cheio de termos científicos e escatológicos;
  • Augusto dos Anjos expunha nessa condição, seu niilismo destemperado (e, como se sabe, o niilismo é o pessimismo total);
  • O poeta misturava em sua poesia biologia, filosofia, hindu e cientificísmo a um sentimento escatológico de repugnância pela condição humana temperado pelo pessimismo de Schopenhauer;
  • A métrica e a rima sempre perfeitas calavam os puristas parnasianos.

Um comentário:

  1. Professor Marcelo Ramos, muito obrigado por esse conteúdo tão importante que você esta nos disponibilizando. Você esta de parabéns, o seu trabalho é fundamental para todos nós alunos, "dedicados", que nos esforçamos cada vez mais para aprender sobre a literatura Brasileira ! Ass: Ex. Aluno do Pré Enem 2011.
    Abração

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