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domingo, 18 de setembro de 2011

Estudo das Variações Linguísticas

Estudo das variações linguísticas

Linguagem coloquial

 A linguagem coloquial, informal ou popular é uma linguagem utilizada no cotidiano em que não exige a observância total da gramática, de modo que haja mais fluidez na comunicação feita através de jornais, revistas e principalmente num diálogo. Na linguagem informal usam-se muitas gírias e palavras infanto-juvenis e livros de muitos diálogos.

A linguagem informal, também chamada de linguagem popular, é a usada no dia a dia. O Modernismo efetivou a apologia da linguagem cotidiana como melhor veículo de expressão literária, por sua velocidade, espontaneidade e dinamismo, condenando a linguagem culta.

Texto I

Vício na fala

Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
Texto II
Relicário
No baile da corte
Foi o conde d’Eu quem disse
Pra Dona Benvinda
Que farinha de Suruí
Pinga de Parati
Fumo de Baependi
É comê bebê pitá e caí

                            (Oswald de Andrade)
Texto III
“Ta na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.”(1)
“Obviamente faltou-lhes coragem para enfrentar os ladrões”.(2)
Qual delas é gramaticalmente correta? Não há dúvidas que é a frase 2. Mas, se tanto a frase 2 quanto a frase 1 dizem a mesma coisa, se qualquer pessoa que seja falante do nosso idioma pode entende-las perfeitamente, por que então se considera correta a frase 2 e errada a frase 1?
Que critérios são usados para determinar o que é certo e o que é errado dentro de um mesmo idioma?


De modo geral, os falantes são levados a aceitar como “correto” o modo de falar do segmento social que, em conseqüência de sua privilegiada situação econômica e cultural, tem maior prestigio dentro da sociedade.
Assim, o modo de falar desse grupo social passa a servir de padrão, enquanto as demais variedades lingüísticas, faladas por grupos sociais menos prestigiados, passam a ser consideradas “erradas”.

Texto IV
Vamos Acabar Com Esta Folga
O negócio aconteceu num café. Tinha uma porção de sujeitos, sentados nesse café, tomando umas e outras. Havia brasileiros, portugueses, franceses, argelinos, alemães, o diabo.

De repente, um alemão forte pra cachorro levantou e gritou que não via homem pra ele ali dentro. Houve a surpresa inicial, motivada pela provocação e logo um turco, tão forte como o alemão, levantou-se de lá e perguntou:

— Isso é comigo?

— Pode ser com você também — respondeu o alemão.

Aí então o turco avançou para o alemão e levou uma traulitada tão segura que caiu no chão. Vai daí o alemão repetiu que não havia homem ali dentro pra ele. Queimou-se então um português que era maior ainda do que o turco. Queimou-se e não conversou. Partiu para cima do alemão e não teve outra sorte. Levou um murro debaixo dos queixos e caiu sem sentidos.

O alemão limpou as mãos, deu mais um gole no chope e fez ver aos presentes que o que dizia era certo. Não havia homem para ele ali naquele café. Levantou-se então um inglês troncudo pra cachorro e também entrou bem. E depois do inglês foi a vez de um francês, depois de um norueguês etc. etc. Até que, lá do canto do café levantou-se um brasileiro magrinho, cheio de picardia para perguntar, como os outros:

— Isso é comigo?

O alemão voltou a dizer que podia ser. Então o brasileiro deu um sorriso cheio de bossa e veio vindo gingando assim pro lado do alemão. Parou perto, balançou o corpo e... pimba! O alemão deu-lhe uma porrada na cabeça com tanta força que quase desmonta o brasileiro.

Como, minha senhora? Qual é o fim da história? Pois a história termina aí, madame. Termina aí que é pros brasileiros perderem essa mania de pisar macio e pensar que são mais malandros do que os outros.

Stanislaw Ponte Preta
Texto V
“E tudo foi  bem assim , porque tinha de ser, já que assim foi.”
                                                                           (João Guimarães Rosa)
Os provérbios ou ditos populares

"Conversa mole pra boi dormir"
"História pra boi dormir"
"Quebrar a cara"
"Pagar um mico"
"Encher o saco"
"Dar um pé na bunda"
"Chutar o pau da barraca"
"Engolir o sapo"
"Meter o rabo entre as pernas"
"Cair matando"
"Dar uma de João sem braço"
“Nem a pau"
"Nem que a vaca tussa"
"Chutar o balde"
“Tirar o cavalo da chuva”



Linguagem culta – padrão – normativa – formal

A linguagem formal ou culta é aquela que carrega consigo a rigidez das normas gramaticais, utilizada principalmente em textos e profissões que a exigem como no Direito.

Na linguagem culta, não se usam expressões populares ou gírias. É usada nos tribunais, em discursos e ocasiões em que há a necessidade de nos comunicarmos formalmente.

A expressão "norma culta" é empregada pelos lingüistas brasileiros para designar o conjunto de variedades lingüísticas efetivamente faladas, na vida cotidiana, pelos falantes cultos, sendo assim classificados os cidadãos nascidos e criados em zona urbana e com grau de instrução superior completo.

Texto I

A Seleção nacional de futebol deixa hoje Macau rumo á Coréia do Sul, mais propriamente a Seul, onde vai ficar instalada durante a primeira fase do Campeonato.

Texto II

O senão do livro
        
           Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...
                             ( Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis)







Linguagem regional

 Exemplos de formas comuns em alguns dicionários

Abestado - abobalhado, bobo, otário, idiota. (CE, PI). A PB, BA e PE apresentam a variante abestalhado. Aurélio Buarque registra como brasileirismo a forma abestalhado.

Aperreado - irritado, agastado, angustiado, contrariado, afobado, atormentado, cheio de preocupações. ( AL, PB, CE, PE).O MA apresenta a variante Avexado. Aurélio Buarque registra
como brasileirismo.

Arre - égua - interjeição que pode significar qualquer coisa, a depender do tom de voz e da ocasião: alegria, irritação, surpresa, enfado, contrariedade.(CE) Há ainda as variantes Ai-égua
(AL), Arre-lá (PI), Arre - Elza e Arre - ema (CE). Aurélio Buarque registra apenas a forma arre, para designar cólera, enfado.

Assanhada - moça exibida, saliente, namoradeira, avoada, fogosa, espevitada, sem compostura, sem termos de gente. (AL, RN, PB, PE). Há, também, o conceito de despenteada. Aurélio Buarque registra como brasileirismo (2) irrequieto, buliçoso, turbulento, e como familiar (4) erótico, namorador.

Dar fé - perceber, observar, dar por si, reparar, tomar tento. (PB, RN, CE, PI). Aurélio Buarque não registra.

Descansar - dar à luz, parir, ter filho. (BA, AL, PB, RN, CE, PI). Aurélio Buarque registra como brasileirismo.

Gastura - indisposição estomacal, enjôo, náuseas, sensação de fome, sensação desagradável produzida pelo tato, audição ou ao sabor. (BA, AL, PE, PB, RN, CE, PI, MA). Aurélio Buarque registra como brasileirismo.

Inticar - ter prevenção ou má vontade contra alguém, implicar, provocar, ficar de marcação. (BA, AL, PB, RN, PI). Aurélio Buarque registra como provincianismo lusitano e açoriano, forma enticar.
 
Texto I

[...] Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é: fasmisgerado... faz- megerado... falmisgeraldo... familhas-gerado...?. E já aí outro susto vertiginoso suspendia-me: alguém podia ter feito intriga, invencionice de atribuir-me a palavra de ofensa àquele homem; que muito, pois, que aqui ele se famanasse, vindo para exigir-me, rosto a rosto, o fatal, a vexatória satisfação?
- “Saiba vosmecê que saí ind’hoje da Serra, que vim, sem parar, essas seis léguas, expresso direto pra mor de lhe preguntar a pregunta, pelo claro...”
Se sério, se era. Transiu-se-me.
“Lá, e por estes meios de caminho, tem nenhum ninguém ciente, nem tem o legítimo – o livro que aprende as palavras... É gente pra informação torta, por se fingirem de menos ignorâncias... Só se o padre, no São Ão, capaz, mas com padres não me dou: eles logo engambelam... A bem. Agora, se me faz mercê, vosmecê me fale, no pau da peroba, no aperfeiçoado: o que é que é, o que já lhe perguntei?
Se simples. Se digo. Transfoi-se-me. Esses trizes:
Famigerado?
“Sim senhor...” – e, alto, repetiu, vezes, o termo, enfim nos vermelhões da raiva, sua voz fora de foco. E já me olhava, interpelador, intimativo – apertava-me. Tinha eu que descobrir a cara. – Famigerado? Habitei preâmbulos. Bem que eu me carecia noutro ínterim, em indúcias. Como por socorro, espiei os três outros, em seus cavalos, intugidos até então, mumumudos. Mas, Damázio:
“Vosmecê declare. Estes aí são de nada não. São da Serra. Só vieram comigo, pra testemunho...”
Só tinha de desentalar-me. O homem queria estrito o caroço: o verivérbio.
Famigerado é inóxio, é “célebre”, “notório”, “notável”...
“Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não entender. Mais me diga: é desaforado? É caçoável? É de arrenegar? Farsância? Nome de ofensa?”
Vilta nenhuma, nenhum doesto. São expressões neutras, de outros usos...
“Pois... e o que é que é, em fala de pobre, linguagem de em dia-de-semana?”
Famigerado? Bem. É: “importante”, que merece louvor, respeito...
Vosmecê agarante, pra a paz das mães, mão na Escritura?”
Se certo! Era para se empenhar a barba. Do que o diabo, então eu sincero disse:
Olhe: eu, como o sr. me vê, com vantagens, hum, o que eu queria uma hora destas era ser famigerado – bem famigerado, o mais que pudesse!...
“Ah, bem!...” – soltou, exultante.
                                                                                                                                                                                   
                                                                                          (João Guimarães Rosa)




Linguagem erudita

A base para a distinção entre linguagem erudita e popular é o status social e o grau de escolaridade dos falantes.
A linguagem erudita é o de maior prestígio, reflete o nível de cultura do falante, é o usado na literatura e se constitui na língua padrão.
A linguagem popular é de menor prestígio, é mais informal, é usada em situações coloquiais por falantes de baixo nível de escolaridade.
É considerada “preconceituosamente” como sub-padrão.

A "corrente erudita", também denominada latinista ou literária aparece nos séculos IV e XV. Nesses séculos desenvolvem-se a cultura do latim e as traduções de obras eclesiásticas

Ditos Populares em Linguagem Erudita

A fêmea ruminante deslocou-se para terreno sáfaro e alagadiço. (A vaca foi para o brejo)
-
Desejo veementemente que V.Sa. receba contribuições inusitadas em vossa cavidade retal. (Vá tomar no cú)
-
Desejo veementemente que V.Sa. performe fornicação na imagem de sua própria pessoa (Vá se fuder)
-
Creio que V.Sa. apresenta comportamento galhofeiro perante a situação aqui exposta. (Você tá de sacanagem)
-
Prosopopéia flácida para acalentar bovinos. (Conversa mole pra boi dormir)
-
Romper a face. (Quebrar a cara)
-
Creditar um primata. (Pagar um mico)
-
Inflar o volume da bolsa escrotal. (Encher o saco)
-
Impulsionar a extremidade do membro inferior contra a região glútea de outrem. (Dar um pé na bunda)
-
Derrubar, com a extremidade do membro inferior, o suporte sustentáculo de uma das unidades de acampamento. (Chutar o pau da barraca)
-
Deglutir um batráquio. (Engolir um sapo)
-
Colocar o prolongamento caudal em meio aos membros inferiores. (Meter o rabo entre as pernas)
-
Derrubar com intenções mortais. (Cair matando)
-
Eximir de qualquer tipo de sorte. (Azarar)
-
Aplicar a contravenção do Senhor João, este deficiente físico desprovido de um dos membros superiores. (Dar uma de João sem braço)
-
Sequer considerar a utilização de um longo pedaço de madeira. (Nem a pau)
-
Sequer considerando a possibilidade da fêmea bovina expirar fortes contrações laringo-bucais . (Nem que a vaca tussa)
-
Sequer considerando a utilização de instrumentos metálicos. (Nem ferrando)
-
Derramar água pelo chão através do tombamento violento e premeditado de seu recipiente. (Chutar o balde)

 

Texto I

O bucéfalo ladrão de patos.

      
Conta-se que Rui Barbosa, "O Águia de Haya", um dia ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Chegando lá deparou com um ladrão tentando com a mão na massa pronto pra levar seus patos de criação. Ele, Rui, aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:

  - Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à qüinquagésima potência que o vulgo denomina nada.

E o ladrão, completamente confuso, diz:

- Dotô, eu levo ou deixo os pato?
Texto II
A Carta pras Icamiabas   

O autor faz uma crítica aos costumes burgueses, principalmente na utilização da língua, pois há uma discrepância entre a linguagem falada e escrita.

Além disso, a língua está impregnada de influências estrangeiras.

O autor faz uma crítica à sociedade paulistana, possuidora de uma cultura totalmente importada de país como Polônia, EUA, Inglaterra, França e Índia.

Precisamente no meio da narrativa, no Capítulo IX da obra, encontramos um “Intermezzo”, como o chamava o autor. Trata-se da “Carta pras Icamiabas”, sátira feroz ao beletrismo parnasiano da época.

Macunaíma escreve a suas súditas para descrever-lhes a cidade de “São Paulo construída sobre sete colinas, à feição tradicional de Roma, a cidade cesárea, “capita” da Latinidade de que provimos". 

Mário de Andrade inverte, aqui, portanto, os relatos dos cronistas quinhentistas, como Pero Vaz de Caminha, Gabriel Soares de Sousa ou Pero de Magalhães Gandavo.

Agora é o índio que descreve a terra desconhecida para seus pares distantes. Sem caráter, Macunaíma o faz tomando emprestada a linguagem rebuscada de um Rui Barbosa ou de um Coelho Neto.

A paródia torna-se hilariante devido aos erros grosseiros cometidos pelo falso erudito , que escreve asneiras como “testículos da Bíblia” por “versículos”ou “ciência fescenina” por “feminina”.  
    
Com seu estilo pomposo, Macunaíma enuncia, na Carta pras Icamiabas, o slogan que irá adotar para definir os problemas do Brasil:  
  “Tudo vai num descalabro sem comedimento, estamos corroídos pelo morbo e pelos miriápodes! Em breve seremos novamente uma colônia da Inglaterra ou da América do Norte!... Por isso e para eterna lembrança destes paulistas, que são a única gente útil do país, e por isso chamados de Locomotivas, nos demos ao trabalho de metrificarmos um dístico, em que se encerram os segredos de tanta desgraça:  

 "POUCA SAÚDE E MUITA SAÚVA,   
 OS MALES DO BRASIL SÃO."  


 Linguagem arcaica (arcaísmos)

Arcaísmos são palavras ou expressões que já pertencem ao passado da língua.
Exemplos:
  • "Físico" (em lugar de médico)
  • "Fremoso" (por formoso)
  • "Arreio" (por enfeite)
  • "entonces" (por então)
  • "vosmecê" (por você)
  • "geolho" (por joelho)
·           Alcaide: prefeito
·           Ceroula: cueca
·           Nosocômio: hospital
·           Outrossim: também
·           Hum: um
·           Cincoenta: cinqüenta
 Os arcaísmos são encontrados no Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque Ferreira de Holanda, mas isso não implica que ele possa ser usado. Há arcaísmos que têm apenas usos regionais, como:
·               Apalermado: bobo, idiota
·               Magote: grande quantidade
·          
·          Alevantar, alumiar (iluminar), avoar, alembrar, ajuntar, arrepetir, etc.

·         O uso de sempre em posição anterior aos verbos vir e ir: lá ir, lá vou, lá vem, lá vinha...
·         Algumas palavras: valença, apear (descer de veículo ou montaria), pousar (passar a noite), saudar (cumprimentar), riba (cima),  banda (lado), topar (encontrar/deparar-se com), labuta/lida (trabalho), toada (ritmo, velocidade), pelejar (lutar, esforçar-se), traficâncias (negócios, comércio), prosa (conversa)....

·         - algumas palavras que eram usuais no passado e hoje passam por corruptelas: ansim (assim), antão (então), causo (caso),cousa(coisa), vosmecê(você)...

 Linguagem Neológica (neologismos) e Gírias
Neologismo é um fenômeno linguístico que consiste na criação de uma palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente.
 Pode ser fruto de um comportamento espontâneo, próprio do ser humano e da linguagem, ou artificial, para fins pejorativos ou não.
Texto I
Não Compre, Plante!
se você sobe no morro pra buscar e leva
porrada se liga sangue-bom tem alguma coisa
errda não vem com 171 comigo não tem parada
errada o que tenho a lhe dizer eu falo cara a
cara você já pensou que o problema pode ser
você falando sem se informar você vai se fuder
você confunde os outros querendo aparecer cê
fala por falar mas nunca vai me convencer
cê pensa que eu fico louco por fumar uma erva ela
rompe as minhas barreiras me deixa com
 amente aberta quem é você pra falar do meu
comportamento cupadi, você não tem base nem
conhecimento o tráfico mata por dia mais ou
menos uns seis faça as contas mermão quantos
morrem por mês hoje eu vejo meus amigos de
infância e penso os que não estão na prisão tão
dentro de um caixão então saiba, meu irmão
porque não legalizam não eles precisam que
alguns de nós virem ladrões cumpadi não suba o
 morro se você não se garante como conseguir
então? não compre , plante chega de financiar
essa máquina extorsiva de um lado o miserável
de outro o policial homicida eu nunca vi um
policial trabalhando de verdade são verdadeiros
inimigos da liberdade polícia civil e federal só
 atacam traficante que na verdade são testa-de-ferro
 de gente importante militares
e políticos sempre saem ilesos estão envolvidos
 com o tráfico mas nunca foram presos enquanto
 o povo na rua vai sendo maltratado ficam
 mostrando um idiota que foi sequestrado que
 so negou , escravizou, quem sabe até matou e
o pobre que não pediu isso foi quem pagou
pedem que façam paz mas sem conveniência
ensinam as crianças somente a violência aí
cresce um cidadão sem ter o que comer sem
nem um pouco de cultura pra poder sobrevivera
liberdade de expressão é um direito
constitucional desde que não me prejudique
 e não me faça mal propaganda enganosa, meu
 irmão, não se espante ouça o que eu tô lhe
 dizendo, não compre,plante.

                                                      (Planet Hemp)


Texto II

Neologismo

Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo
Teadoro, Teodora.
                                      Manuel Bandeira

·        “Neologismo”, que etimologicamente é a criação de palavras que não existe no sistema, foi uma característica que o poeta herdou do seu pai.
·        Foi uma maneira nova, um jeito diferente, bem dentro dos padrões modernistas.
·        O poema expressa sentimentos bem próprios dele mesmo, embora sejam tímidos, encontra uma forma de expressar o seu amor.
·        O poeta faz jogo com as palavras como te + adoro que deu te adoro.
·        É um breve poema de caráter metalingüístico, onde o poeta inventa o verbo “teadorar” para declarar-se a Teodora, traduzindo a sua “ternura mais funda”.


Texto III

Mas o calundú cada vez ia ficando mais enjerizado e mais maluco, ensaiando para ficar doido, chamando a onça para o largo e xingando nome feio que tem. Aquilo, eu bobeando de espiar tanto para ele, como que nunca tinha visto o zebu tão grandalhão assim! A corcunda ia até lá embaixo no lombo, e, na volta, passava do lugar seu dela e vinha por chapéu na testa do bichão. Cruz! E até a lua começou a alumiar o Culundú mais do que as outras coisas, por respeito...
                                                                                                                     (João Guimarães Rosa)


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